A bióloga Maria Heloísa Furtado Lenzi está de volta ao cargo de secretária do Meio Ambiente de Balneário Camboriú após tratar um câncer de mama. Ela conversou com o Página 3 sobre o momento e apontou o quanto está feliz e emocionada.
Heloísa disse que está muito feliz e se sente ‘viva de novo’. “Ninguém espera passar por um tratamento tão duro, mas que foi eficiente. Graças a Deus deu tudo certo, mas o tratamento foi muito difícil”, explicou.
Segundo a secretária, o que a motivava era justamente pensar em voltar a trabalhar e a rotina.
“Eu só pensava que queria que minha vida voltasse ao que era, minha motivação era minha família e o trabalho. Voltar a trabalhar me deixou muito feliz e emocionada. Tenho histórico dos meus pais que tiveram, eu já conhecia a doença, mas não imaginava de fato como seria. Ninguém imagina se não sente na pele”, salientou.
Heloísa descobriu o câncer de mama em um exame de rotina – que sempre realizava em maio e outubro. Ela recebeu o resultado no fim da tarde e no outro dia de manhã já consultou com o médico e começou o tratamento. Heloísa fez a cirurgia, quimioterapia e radioterapia e explicou que se sentiu muito fraca, por isso não conseguiria continuar trabalhando nesse período.
Ela comentou que sofreu muito emocionalmente e fisicamente e quando começou a se sentir bem, após a cirurgia e quimio, já passou a vislumbrar voltar.
“Voltei oficialmente há duas semanas e estou muito feliz. Só penso agora que estou na SEMAM para resolver problemas que não são meus, porque até então era um problema só meu, algo que eu tinha que era só meu, e agora estou voltando feliz para resolver problemas dos outros (risos). Já me reuni com minha equipe, alinhei para saber tudo como foi, estou entendendo os processos, não dei conta de ver tudo ainda, mas estamos caminhando. No tempo que fiquei fora, oito meses, os projetos fluíram. A Duda [Eduarda Montibeller, que ficou interinamente como secretária] sempre esteve dentro da SEMAM, então ela tinha muito conhecimento do funcionamento, e com a equipe boa como temos fica muito fácil o processo, ela deu conta, é muito responsável e comprometida”, informou.
Heloísa aproveitou a entrevista com o Página 3 para dividir os aprendizados que teve com o câncer – um deles é que todos plantam sementes ao longo da vida, que florescem nos momentos mais difíceis.
Ela explicou que recebeu mensagens de muitas pessoas, inclusive de quem não a conhecia direito ou de quem não via ou tinha contato há muitos anos, além de amigos, colegas e familiares próximos.
“Eu estava em correntes de orações em lugares que eu nem fazia ideia. Quem não sabia o que falar, me mandava emoji, mas queriam dizer que estavam ali. Nesses momentos você vê o quanto o ser humano se preocupa, o quanto ainda tem muitas pessoas empáticas, desde pessoas do tratamento – médicos, enfermeiros, até amigos. E aprendi também sobre o quanto temos que nos deixar cuidar – a gente é muito de fazer tudo, de resolver, auto suficiente, e o mundo me disse – pare e se deixe cuidar. Tirei tempo para me autoanalisar, me perguntei muito se fiz algo errado e me falaram que não há fórmula para surgir o câncer e sim série de fatores, que eu não podia me culpar ou cobrar, esse aprendizado foi muito importante”, afirmou.
A secretária também salientou que se sentiu muito abençoada por Deus e que vê que Ele ‘nunca largou a mão dela’ durante o tratamento do câncer.
Heloísa disse também que sempre se solidarizou com o câncer porque perdeu o pai e a mãe para a doença (câncer de pulmão, ambos), mas que agora entende ainda mais o quanto é importante fazer exames e consultas preventivas porque o tratamento é muito difícil emocionalmente e fisicamente.
“E olha que sou resiliente e muito saudável. Somente a dengue tinha me derrubado. Fora isso, nunca tive doença e tive câncer, fiquei sem sair de casa por 8 meses, careca… prevenção é tudo, sempre foi importante para mim, e agora ainda mais. Espero que a minha experiência seja válida para que outros não passem pelo que passei. E o meu recado para quem está passando é: quando estamos no meio, um dia vira uma semana, um mês vira um ano, a coisa não passa e você só quer que passe – e passa! A gente volta a ser quem a gente se identificava. Fiz terapia e foi muito importante no processo, me ajudou muito”, completou.