O mês de agosto é focado no enfrentamento à violência contra mulheres e marca o aniversário de 18 anos da Lei Maria da Penha, através da campanha Agosto Lilás.
Neste ano, a campanha nacional traz o tema “Feminicídio Zero – Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”.
Balneário Camboriú já registrou casos neste ano, como quando Flávia de Paulo Carvalho, de 46 anos, foi morta a facadas pelo companheiro, um homem de 50 anos, na frente do filho dela.
Outra situação que marcou foi a tentativa de feminicídio contra uma mulher de 40 anos, baleada pelo ex, na Praia Central da cidade, em fevereiro deste ano – ela, felizmente, sobreviveu.
Ao total, a Polícia Civil de Balneário Camboriú abriu somente neste ano mais de 500 inquéritos de violência doméstica – dados somente da DPCAMI (Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso) da cidade.
A delegada responsável pela DPCAMI de Balneário Camboriú, Ruth Henn, salienta que, somente em 2024, já foram instaurados 610 inquéritos policiais na delegacia, e 90% (549) são de casos de violência doméstica.
“Por conta disso que temos que ter ações como o Agosto Lilás, para chamar a atenção para o combate à violência doméstica não só para quem agride, mas também para as mulheres denunciarem, para que procurem ajuda, para que o menor potencial ofensivo não se torne feminicídio”, diz.
Henn lembra que a violência é progressiva, começa aos poucos – com uma discussão, xingamentos, um tapa e só tende a progredir.
Por isso, o quanto antes a vítima cortar o relacionamento e denunciar a situação é melhor, pois evita a possibilidade de sofrer uma violência maior.
“A maior parte das denúncias feitas são por mulheres de 35, 40 anos, mas pode acontecer até com adolescentes. Já atendemos vítimas menores de idade, que denunciaram tapa, xingamento… a violência doméstica acontece em todas as idades e níveis sociais e por isso pedimos que mulheres tomem cuidado e, se acharem necessário, denunciem.
Balneário Camboriú conta com uma excelente rede de apoio às forças de segurança, como as polícias Civil e Militar e Guarda Municipal, e também programas municipais, a exemplo do Abraço à Mulher”, acrescenta.
As denúncias podem ser feitas pelo 180 ou disk 100, e até mesmo na delegacia virtual (https://delegaciavirtual.sc.
Rede de apoio
Programa Abraço
Balneário Camboriú possui o programa municipal, citado pela delegada, Abraço à Mulher, que assiste e apoia mulheres vítimas de violência doméstica em Balneário Camboriú. De forma gratuita, as mulheres recebem acompanhamento psicológico. O Abraço, desde sua fundação em 2019, já realizou mais de 35 mil acolhimentos (vale lembrar que cada pessoa é atendida mais de uma vez – por exemplo, cada consulta com psicóloga conta um atendimento/acolhimento e assim por diante). O programa, atende em parceria com Guarda Municipal, Polícia Militar, DPCAMI e a Casa Alva, e também realiza plantão 24h, no (47) 99982-1906.
Casa Alva
A Casa Alva é a antiga Casa das Anas, que atua em Balneário Camboriú há sete anos acolhendo mulheres vítimas de violência e seus filhos, quando as famílias não têm para onde ir. No abrigo, recebem todo o apoio necessário até conseguirem se restabelecer em um novo lar.
Somente até junho/2024, a Casa Alva acolheu 42 mulheres e 45 crianças e adolescentes (filhos das vítimas), realizou 384 atendimentos com a psicóloga de janeiro a junho, 361 atendimentos com a assistente social, fez 30 grupos visando o rompimento do ciclo de violência, encaminhou 24 mulheres para o mercado de trabalho, realizou quatro cursos profissionalizantes na área da beleza, além de apoiar mais de 100 mulheres na área da saúde e saúde mental.
Durante agosto, a Casa Alva publicará uma série de vídeos no Instagram (@casaalvasc) para conscientizar sobre a violência doméstica e familiar. A campanha faz parte das ações do Agosto Lilás, mês dedicado à sensibilização sobre o fim da violência contra mulheres.
Violência em Santa Catarina
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 aponta que Santa Catarina registrou 17.035 casos de lesão corporal relacionados à violência doméstica no último ano (2023).
O Tribunal de Justiça concedeu 28.167 medidas protetivas e outras 25.714 ao longo do período.
Em 2023, o estado teve 107 homicídios e 56 feminicídios de mulheres, além de 457 tentativas de homicídio e 233 tentativas de feminicídio.
Santa Catarina também liderou o número de feminicídios seguidos por suicídios de agressores, totalizando 11 casos.