Luiz Balena, 49 anos, que é auditor fiscal federal e ciclista de estrada amador há 10 anos foi o primeiro morador de Balneário e um dos primeiros catarinenses a participar neste ano da Race Across America (RAAM), a prova de ciclismo mais difícil do mundo que acontece anualmente no mês de junho.
O objetivo é atravessar os Estados Unidos da Costa Oeste à Costa Leste. Neste ano, ele participou na modalidade quarteto, mas foi certificado nesta semana e pode participar da modalidade solo – a validade da permissão vai até 2026, mas ele planeja ir já em 2025. Para isso, precisa de apoio governamental ou de empresas.
Balena conta que um dos maiores desafios foi a gestão da equipe, que envolveu lidar com diferentes visões de mundo, caráter e personalidades.
A equipe de suporte, composta por quatro ciclistas e nove membros do staff, teve que garantir que todos permanecessem seguros e chegassem ao final da prova dentro do tempo estipulado.
“Isso exigiu um esforço significativo, dado que a equipe vinha de culturas e experiências diversas. Os desafios logísticos e documentais também foram consideráveis. A preparação envolveu coordenar equipamentos, transporte de malas e bicicletas, além de organizar a alimentação e reabastecimento de comida e limpeza das roupas. Com três veículos e nove pessoas no apoio, a logística foi complexa, mas essencial. No entanto, para uma competição solo, dois veículos seriam suficientes”, explica.
Durante a prova, a privação de sono foi um dos maiores desafios – já que precisavam chegar ao destino final, Atlantic City, em nove dias (cumpriram antes, 7 dias, 14h e 17s).
“No quarteto, os ciclistas praticamente não dormem, cerca de três horas/dia no máximo. Enquanto em competições solo, a estratégia envolve pedalar por duas horas e descansar por dois minutos, com intervalos para banho e descanso e precisa ter, se não você não aguenta. Os atletas precisam treinar intensamente para lidar com a falta de sono, que pode afetar significativamente o desempenho. Se você faz treinos para se acostumar com isso, o corpo se adapta à privação de sono, mas a gestão do tempo é crucial, com a necessidade de completar a prova no tempo definido”, comenta.
A competição apresenta condições extremas, incluindo temperaturas de até 56 graus. Apesar de estarem preparados, o calor foi intenso até mesmo à noite, com temperaturas chegando a 40 graus. Os ciclistas precisavam se hidratar constantemente e consumir uma média de 600 calorias por hora, somando mais de 10 mil calorias por dia.
“A dieta incluía alimentos líquidos, pastosos e semi-sólidos, e apesar da necessidade de reposição constante de sódio e potássio, com pílulas específicas, houve momentos em que o desejo por comida mais substancial, como pizza e hambúrguer, foi forte. Eu comi pizza”, conta entre risos.
Balena viu que os atletas solo contam com apoio especial, como veículo de apoio e um motor home, com suporte de um chefe de equipe, mecânico e fisioterapeuta – o que ele também levou no quarteto, mas no solo o atleta é acompanhado também por médicos.
Luiz Balena planeja participar da RAAM novamente em 2025, agora na prova solo, mas para isso precisa captar recursos. Estima-se que o custo total seja de 40 a 50 mil dólares, incluindo a inscrição e outros gastos. Ele está buscando apoio de empresas e instituições, como universidades, e os interessados em ajudar podem contatá-lo pelo WhatsApp (47 9965-0454) ou e-mail ([email protected]). Seu objetivo não é apenas o desafio pessoal, mas também promover ações para estimular o esporte, a mobilidade e a segurança no trânsito.