O projeto de revitalização da orla de Balneário Camboriú que promete transformar a paisagem e garantir maior proteção ambiental para a Praia Central abriu ao público o primeiro trecho. No entanto, a obra toda não ficará pronta tão cedo como muitas pessoas imaginam. Antes disso, haverá duas obras de macrodrenagem, para somente então seguirem os trechos sentido norte.
A restinga
Sob a liderança do engenheiro responsável pela Orla BC, Edson Kratz, a obra não apenas promete embelezar a Avenida Atlântica, mas também reforça a preservação natural da restinga, um ponto de discussão recorrente desde a audiência pública de 2022.
“A decisão de manter a restinga foi fruto de amadurecimento da cidade e também uma exigência do Instituto do Meio Ambiente (IMA). A restinga é necessária, porque protege contra a erosão e o vento que vem do mar. Existem espécies de restinga que são bonitas, dão flores e fixam a areia. Todas as praias litorâneas que têm restinga não sofrem com a erosão, e a nossa, originalmente, tinha. Infelizmente, plantamos agora e as pessoas arrancaram essa vegetação. Vejo que não foi um ato de vandalismo em si, mas um erro de interpretação, porque quem retirou as plantas as deixou empilhadas, como se fossem sujeira”, esclareceu Kratz.
A vegetação foi plantada, estudada por biólogos, e tem uma função extraordinária de proteger a areia.
“Vamos finalizar a replantação para garantir que tudo o que foi previsto no projeto seja realizado. Mas já estamos alertando para que as pessoas não ignorem essa vegetação e parem de passar em cima da restinga, que é bonita e necessária”, acrescentou.
Obras continuam
A continuidade das obras na orla, no primeiro trecho que já está sendo finalizado, incluem a construção de vias de serviço e um protótipo inicial de trecho para ajustes futuros.
“Estamos finalizando a terceira pista de serviço, que tem como principal finalidade o uso coletivo e de serviços. Precisamos de pelo menos 15 dias úteis para concluir essa parte, pois não dá para isolar totalmente o trânsito”, explicou.
O primeiro trecho (protótipo originário) é um acordo com a FG Empreendimentos, através do TJSC e serviu também para ver se poderiam ser feitas melhorias no projeto – e isso vai acontecer.
“Sempre haverá necessidade de melhorias, não está concluído ainda. Da linha das amendoeiras para o mar está completo e pronto. Por exemplo, percebemos que precisamos colocar mais bancos e mais árvores. Serão 2500 árvores na orla reurbanizada, incluindo as amendoeiras existentes – hoje há 931 árvores, das quais 644 são amendoeiras, que serviram para grande canteiro que divide o parque, a via de micromobilidade e a pista de serviços. A próxima licitação não vai mais envolver via, vamos fazer só do parque. Vamos unir árvores existentes, da árvore para o parque, que é o que interessa a população – será um local de intensas atividades e de contemplação”, informou.
Quiosque é um teste
Chamou a atenção um quiosque temporário instalado na orla, e Kratz mencionou que ele está sendo utilizado como uma espécie de pesquisa para avaliar a aceitação da comunidade.
“Esse quiosque não tem um fim comercial, ele é resultado de uma manifestação de interesse privado para o público (através da empresa Orla Brasil). Hoje, está servindo como equipamento da Secretaria de Turismo para divulgação. A empresa se predispôs a colocar um quiosque para ser avaliado pela comunidade, vai servir como espécie de pesquisa para saber se vai ao encontro do que a população entende como algo importante para a cidade. Não vai substituir os quiosques que temos hoje. No futuro, poderá ter milho, sorvete, churros. Mas hoje está servindo como equipamento da Sectur e vai permanecer somente por um tempo”, disse.
Próximo trecho e macrodrenagens
O engenheiro detalhou que a licitação do segundo trecho da orla, que vai da Rua 3.920 até o molhe da Barra Sul, totalizando 1,3km e mais de 40mil m2, já havia sido publicada, mas houve muitos questionamentos, por isso foi suspensa e irão publicar uma nova licitação do trecho sul.
“Esse segundo trecho pode ser feito já, porque não precisa da obra de macrodrenagem, enquanto isso já temos a empresa vencedora da macrodrenagem norte, que vai da Rua 2.000 até o Marambaia e depois, num segundo momento, terá a segunda macrodrenagem, da 2000 até a 3920. Essa primeira foi avaliada por mão de obra R$ 9 milhões e galerias R$ 20 milhões – foram empresas da região que ganharam. Só não fizemos ainda a ordem de serviço, porque estamos esperando a última avaliação do STU para iniciar a macrodrenagem, que para mim é o mais importante de tudo”, destacou.
Sem alagamentos
Kratz lembrou que fazem 30 anos que falam de obras na orla – fizeram a proteção da orla costeira alargando a praia, agora farão obras que dão resiliência para eventos que vem da terra – os constantes alagamentos.
“Para isso vamos fazer essas duas linhas de macrodrenagem que vão se interligar com o interior da cidade – com conectores entre o canal do Marambaia, com a macrodrenagem já existente na Atlântica com a nova macrodrenagem do governo Fabrício Oliveira e somente depois que poderemos colocar em praça pública o restante da licitação”, acrescentou.
Obra pronta em 2030
O engenheiro falou sobre prazos – a primeira macrodrenagem tem o prazo de 12 meses, a segunda também deverá ter esse tempo e a obra por inteiro, que vai incluir fiação subterrânea e o restante dos trechos de urbanização, devem ser plenamente finalizados em 2030 – ao menos essa é a perspectiva realista.
“Não é uma obra que dá para falar que vai terminar em 2, 3 anos. É muito lógico que não vai ser fácil, porque é muita obra pela frente! É uma obra independente de governo, de quem está na prefeitura. Não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. O único trecho liberado sem macrodrenagem é esse que estamos lançando a licitação”, completou.