A maternidade é muitas vezes guiada por gerações – bisa, vó, mãe e filha… fora as gerações passadas. Indiscutivelmente, muitas coisas mudaram do século XX para hoje, com as tecnologias beneficiando e também sendo um desafio para as novas mães. É diante de todas essas mudanças de cenário que o Página 3 conversou com mães que já são bisas, mães que são avós, filhas que já são mães, cada uma falando sobre seu tempo e sobre o que continua igual e o que se transformou. Acompanhe:.
Ligia Maria Maurici, 63 anos, psicóloga e consteladora familiar sistêmica, mãe de Paulo Junior, Rafael Felipe e Ana Paula e avó de Benício, André, Santiago e Julia.
“Ser mãe foi a coisa mais maravilhosa que me aconteceu. Um verdadeiro presente de Deus. Sempre me imaginei mãe, desde criança e é impossível, pra mim, imaginar como seria não ter meus filhos. Gosto de ler e li muito a respeito da maternidade e educação de filhos, desde que casei.
Naquela época o acesso ao conhecimento era bem mais limitado do que hoje e a revista “Pais e Filhos” era minha grande aliada e diversos livros, especialmente “Vida do Bebê”, do Dr. Rinaldo De Lamare, bem famoso naquele tempo.
Por mais que estivesse me sentindo preparada para ser mãe, as demandas do dia a dia são muitas e me via muitas vezes, sem saber o que fazer.
Não tinha com quem conversar sobre minhas dificuldades, dúvidas, questionamentos e angústias.
A maioria das minhas amigas ainda não tinha filhos. Pedi conselhos, mas me parecia que a experiência da maternidade era algo que se tinha que passar sozinha, acertando e errando e era o normal. E a gente acaba pensando que só nós que passamos por aquilo com aquelas dificuldades e desafios. Mas na verdade, todas passamos, cada uma a seu modo, com algumas variáveis, mas todas passamos.
A educação que dei aos meus filhos sempre foi pensando em acolhimento, escuta, respeito. Amar e demonstrar o amor nos menores gestos, dizer o quanto os amava, brincar e participar da vida deles, transmitir valores que para mim eram importantes. Sempre busquei ouvir meus filhos e dar-lhes liberdade para serem quem eram.
Ser mãe me fez ser uma pessoa melhor e entender várias atitudes tomadas pelos meus pais. Me fez valorizá-los e amá-los ainda mais.
Penso que a coisa mais difícil da maternidade é deixar que os filhos sigam seus caminhos, saiam de casa e deixem nosso ninho vazio. Isso foi muito doloroso pra mim que sempre fui uma “mãe coruja”. Mas entendi que precisava confiar na educação que dei, sabendo que errar faz parte do aprendizado e que por mais que amemos nossos filhos, não vamos poder livrá-los do sofrimento e da dor.
Penso que sempre seremos o porto seguro para onde nossos filhos sempre poderão voltar. Seja para pedir ajuda, desabafar, socorrer em horas difíceis ou simplesmente receber um forte e demorado abraço.”
Ana Paula Maurici, 36 anos, psicóloga e empresária, mãe da Julia, de 5 anos.
“Ser mãe, especialmente da Julia, pra mim, é uma grande dádiva. Desde a minha primeira gestação, na qual tive uma perda, eu entendi que ser mãe, acima de tudo, é não ter controle das coisas. O que nos cabe é apenas criar condições para a vida fluir, e o restante não nos pertence.
A maneira que escolho criar a minha filha é bastante desafiadora – e ao mesmo tempo incrivelmente mágica – nos tempos atuais.
Tentar trazer conexão com a natureza em um mundo materialista; tentar trazer calma e contemplação em um mundo com tanta pressa; tentar trazer consciência nas ações em um mundo onde o automatismo se faz presente; tentar ouvir o coração em um mundo de tantos ‘modelos’; tentar amar ao próximo verdadeiramente, em um mundo com tanto julgamento, por vezes é extremamente cansativo.
Mas, felizmente, a vida nos presenteia com pessoas e instituições que nos mostram que é possível, e juntos seguimos compartilhando e crescendo nessa caminhada. Ao ver o desenvolvimento da minha filha como uma criança sadia, que tem permissão para ser ela mesma, vejo que todo esforço vale a pena, e passarei por esses desafios quantas vezes for necessário, para criar um espaço em que minha filha, assim como todas as pessoas, possam ser respeitadas, amadas e valorizadas por ser quem são. Feliz dia das mães! E que possamos nós, sermos o exemplo de seres humanos que queremos que nossos filhos se tornem”.
Jussara Vieira Macedo, 69 anos, professora aposentada, mãe Pablo, Indyanara, Potyra e Luiz Felipe, avó de Yoshabel, Luciano Junior, Mariana, Beatriz, Alice, Pedro e Dom Felipe
“Fui mãe aos 18 anos, não foi difícil porque sempre ajudei a cuidar dos meus irmãos, a preocupação que a gente tem é com os filhos, porque o mundo é ingrato. Tive aquelas dificuldades de ter que trabalhar, deixar os filhos na creche, eu fiquei sozinha, a Potyra tinha 1 ano, a Indianara tinha 2, Pablo tinha 7, então foi difícil, porque tinha que levar pra creche, buscar, não tinha aquele tempo direto com os filhos e hoje os filhos estão crescidos, resolvidos, formados, está maravilhoso hoje, apesar da dificuldade do mundo mesmo que está perigoso, o salário não sobe, mas apesar de tudo isso, ser mãe é maravilhoso.
Quanto à educação dos filhos, era diferente, não precisa bater, não precisava gritar, era só olhar que tinha respeito, os filhos antigamente antigamente respeitavam as mães, respeitavam os professores, hoje em dia não tem mais isso, não respeitam mais ninguém, ninguém…minha filha ficava em cima da mesa da sala onde eu dava aula, no bebê conforto.
Os netos são as pérolas que Deus nos dá, é um amor dobrado parece dos filhos, é a continuidade da família, é muito lindo, é muito gostoso ser avó.Tenho liberdade de brincar com eles, falamos por video chamada porque só tem um que mora aqui comigo, os outros em Lages, Florianópolis, a Yoschabel, neta mais velha, tem 23 anos, já é formada em Artes Cênicas, netos é alegria, são pérolas que Deus nos dá”.
Potyra Najara Vieira Macedo Borba, 43 anos, atriz, escritora, mãe de Yoshabel Macedo Batschauer
“Eu amo ser mãe. Minha filha é um presente. Fui mãe aos 20 anos, fomos crescendo juntas, sempre gostei de bebês e ter a minha filha era um privilégio. Não tive problemas com a maternidade, mas essa função sem dúvidas é desgastante. Ficava sempre preocupada se ela estava bem, quando ela chorava parecia que a dor era dentro do meu peito. Amamentei a Yosha até os dois anos, sempre fomos muito ligadas, muito companheiras, penso que ter amamentado tanto tempo contribuiu para isso. Foi pra escola com um ano e meio, me cortava o coração, porque queria ficar pertinho dela, mas precisava trabalhar. Eu já trabalhava com teatro, então quando bebê ela já nos acompanhava nas turnês pelo estado, ficava no camarim, às vezes ia para o palco. Na verdade, ela quase nasceu em cena, grávida eu fazia a personagem Bruxa Boazinha no Bosque Encantado do Parque Unipraias, um trabalho artístico que começou em 1999, e em janeiro de 2001 estava em cena lá na estação Mata Atlântica e de lá fui direto para o hospital ganhar bebê.
O que foi diferente de quando fui mãe e de quando era criança é que sempre acompanhei minha filha nas coisas da escola, nos cursos que fez, nas atividades que gostava de praticar, sempre fiz questão de apoiá-la e acompanhá-la em tudo. Na minha época, minha mãe além de ter mais filhos, tinha horários de trabalho complicados e nós acabávamos ficando mais sozinhas. Mas quando criança minha mãe nos deixava brincar na rua, nos levava nas festas organizadas pelas escolas que trabalha e nos divertíamos muito, não era tão perigoso, já na época da Yosha precisava ficar mais atenta e a rua já não era lugar para as crianças se divertirem.
Na minha infância não tinha ainda a era da tecnologia, nós brincávamos de taco, de esconde esconde, de vareta, jogos de tabuleiro, tínhamos que ajudar nas tarefas de casa.
Na infância da Yosha a tecnologia ainda não era tão presente, brincávamos muito juntas, com o pai dela também, jogos de tabuleiro, invenção de histórias, teatro, circo, muitos livros, bonecas, e a internet era limitada a uma hora por dia, funcionava muito bem. Não sei como seria ter uma filha hoje, como artista e educadora noto que as práticas das crianças estão bem diferentes, em geral as brincadeiras contém uma tela, seja celular, computador, televisão ou vídeo game.
Yosha e eu somos amigas, conversamos bastante, contamos das nossas aventuras e podemos contar uma com a outra. Ao longo dos anos construímos laços de afeto e amor que nos acompanham e espero que sigam conosco para toda a vida. Yosha é minha filha, minha amiga, minha parceira, tenho muito orgulho dela e da artista que ela é.
Me sinto privilegiada em poder ter minha mãe e minha filha pertinho de mim. Quero agradecer minha mãe por todos os anos de dedicação por nós, sempre forte, alegre e sorridente, não é fácil criar os filhos sozinha, ainda mais naquela época, nos ensinou a não desistir. E agradecer minha filha por ser uma pessoa tão maravilhosa e por me ajudar a aprender tanto sobre a vida e o amor. Minha mãe é uma avó maravilhosa, e elas também se dão muito bem.
A maternidade não é uma ciência, é uma construção diária e nesse caminho por vezes erramos tentando acertar, e acertamos quando achamos que fazemos errado, mas o importante é que o amor seja o elo que une as mães às suas filhas”.
Yoshabel Macedo Batschauer, 23 anos, artista, filha de Potyra Najara, ainda não é mãe
“Não sou mãe ainda, mas sou filha, e ser filha da mãe que eu tenho é e sempre foi um privilégio, aprendi sobre amor, amizade e arte. Os momentos sempre foram em conjunto, rimos e choramos, desde de que eu era criança até agora que tenho 23 anos. Aprendi o valor da parceria e da amizade com minha mãe, pela forma que ela me educou, sempre fomos muito amigas e até hoje que sou adulta cultivamos nossa amizade, que não é só cuidado de mãe e filha, mas sim a confidencia, a sabedoria de sabermos evoluir juntas, de entender que podemos errar e podemos acertar, mas estaremos lá uma para a outra.
Crescer em meio a arte me proporcionou muitas oportunidades de exercer minha criatividade e de ser ouvida, mesmo quando criança, minhas ideias eram validadas e por muitas vezes acatadas em espetáculos, por exemplo. Isso reflete hoje, principalmente, na profissional que eu sou, no meu trabalho como artista, como professora de teatro e minhas pesquisas sobre as infâncias.
Penso, que por conta da sociedade que temos hoje, com a tecnologia tão avançada e as informações tão rápidas, eu, quando for mãe, vou tentar usar a tecnologia ao nosso favor, mas também tomando os cuidados e preocupações que se tem quando uma criança tem acesso a tudo isso durante seu desenvolvimento.
O olho no olho, correr na grama, brincar na rua, criar do zero e inclusive o tédio para inventar novas brincadeiras são muito importantes e devemos tentar não abrir mão de tudo isso.
Um dia espero ser mãe, e tenho certeza que neste momento irei agir de muitas maneiras que minha mãe agiu comigo enquanto crescia e até hoje, e com certeza entenderei muitas coisas que minha mãe fala que hoje, sem ser mãe, não entendo.
Quando eu for mãe quero ter essa relação de amor, admiração e respeito que tenho com minha mãe. Tendo sempre em mente que vamos evoluir, crescer e aprender juntas. Admiro imensamente a mulher que chamo de mãe e sei o quão incrível ela é como artista e como pessoa, ela é minha inspiração”!
Sonia de Fatima Almeida, 61 anos, Agente de serviços gerais, mãe de Fabiele (39) e Graziele (37) e avó de Maria Eduarda (18) e João Vicenzo (10)
“Fui mãe aos 17 anos, minha filha faleceu. Com 22 anos tive a segunda filha, Fabiele, hoje com 39 anos e pela terceira vez, fui mãe da Graziele, que tem 37 anos. Na época era muita nova, pouca experiência, trabalhava muito, não podia dar muita atenção para elas, mas ganharam todo carinho do mundo, só agradeço a Deus. Elas ficavam mais na escolinha.
Mas hoje com meus dois netos, Maria e João, tenho mais tempo pra brincar, curtir eles, dou todo amor que posso. O amor de vó é dobrado, é imenso. Ser mãe já é uma benção, ser avó é dobrado. Agradeço a Deus pela minha família, minhas filhas e meus netos que amo tanto”.
Patricia Maria Hahne, 52 anos, estagiária e estudante de psicologia, mãe de Amilton Junior (29) e Isabelle (28) anos
“Tive meu primeiro filho aos 24 anos e logo em seguida, a minha filha. A experiência de ser mãe é única, mudou completamente minha visão de mundo.
Hoje me sinto mais realizada, entendo melhor o sentido de viver e amar incondicionalmente. Agradeço muito a Deus por ter me concedido a dádiva de ser mãe, mesmo diante das adversidades nada é maior do que a alegria de vê-los crescendo e se tornando adultos maravilhosos.
Ser mãe é algo divino onde palavras se tornam frágeis diante da imensidão de tanto amor”.
Aracy Anália Salomoni, 97 anos, mãe de três filhos (dois falecidos), avó de 12 netos (1 falecido) e bisavó de 13 bisnetos
“É o presente mais lindo que Deus ofereceu para as mulheres. Porque Ele nos deu esses filhos maravilhosos. Até hoje nunca tive nenhuma reclamação dos meus filhos, de colégio, de estudo, todo mundo estudou, todo mundo trabalhou, todo mundo cumpriu a missão.
Faltaram eles, mas não posso ficar me queixando, porque ficou faltando o outro…porque se eu chorar, eles vão chorar…se eu mostrar força, ninguém até hoje viu uma lágrima correndo dos meus olhos…ninguém até hoje ouviu eu dizer…’me dói’….porque a dor é minha, as lágrimas são minhas…as tuas vai ser quando você sofrer e precisar chorar. Vou te dar um exemplo: se tu diz que está com dor de cabeça, o outro tem a dor de cabeça maior…adiantou tu dizer? Ele sempre tem maior do que tu…então aprenda a carregar a tua vida você mesma. Se tu cair, todos podem cair…agora só tu poderá levantar de novo, se tiver força e coragem”.
Lenita Novaes, 84 anos, psicóloga, mãe de quatro filhos, avó de sete netos e bisavó de três bisnetos
“Ser mãe aos 15 anos, foi uma experiência de compromisso sério, com muita inexperiência em muitos sentidos! Meus dois primeiros filhos nasceram com diferença de um ano, foi gostoso, porque brincava com eles, e me desenvolvi como ser humano e como mãe. Meus amados Marcos e Márcio, saudades amor que fica.
Após 8 anos nasceu Eurico e mais tarde Ana Paula. Foi quando eles todos me ensinavam ser mãe e nós nos ajudávamos, cada um com suas qualidades, e agradeço a Deus pela honra de ser a mãe de pessoas tão maravilhosas”.
Ana Paula Novaes, 50 anos, psicóloga, estagiária do Conselho Tutelar, mãe de Daniela
“Hoje ser mãe pra mim é estar disponível a aprender o tempo todo, evoluir constantemente, crescer com os meus filhos e por eles, a cada passo do caminho… É entender, participar, perdoar, esquecer, sofrer, renascer, resignificar, chorar e sorrir, mas acima de tudo e além, ser mãe é aprender um novo significado para amar”.
Daniela Novaes, 31 anos, artista visual, cantora, mãe do Pedro (8 anos) e Catarina (6 anos), neta da Lenita
“Ser mãe é um desafio tão desafiador quanto gratificante, uma jornada que nos leva a explorar profundamente nossos limites, mas também nos enche de amor e alegria indescritíveis. Hoje, vivemos em uma realidade mais autêntica e menos idealizada da maternidade, onde podemos compartilhar abertamente nossos desafios, encontrando apoio em vez de julgamento. No entanto, ainda há muitas questões que precisam ser abordadas e superadas para que possamos quebrar os paradigmas históricos que cercam a maternidade.
A experiência da maternidade me presenteou com uma maturidade e uma ternura que eu jamais imaginei possuir. A cada dia, testemunho nossa evolução nesse processo, trazendo à luz a verdadeira essência da maternidade, com todos os seus altos e baixos, suas alegrias e suas dores.
Sempre sonhei em ser mãe, e esse desejo foi moldado pelo exemplo inspirador de mulheres reais em minha vida. Minha avó Lenita Novaes e minha mãe Ana Paula de Novaes viveram intensamente, enfrentando desafios com coragem e determinação, construindo assim o meu ideal real de maternidade. Sou imensamente grata por fazer parte dessa linhagem de mulheres guerreiras, cuja força e sabedoria moldaram meu caráter e minhas aspirações. Pedro e Catarina, meus amados filhos, são a personificação do amor e da luz em minha vida. Através deles, aprendi lições preciosas e sei que ainda há muito mais a aprender. É difícil expressar em palavras a magnitude da maternidade, pois ser mãe é a certeza mais profunda que carrego: sempre terei um motivo eterno para lutar, amar e ser amada”.
Carolina Miranda Pytlovanciw, 39 anos, psicóloga, esportista, filha de Alcione (64 anos), mãe da Maria Alice (12 anos), neta da Lenita
“Mãe nos dias de hoje, acaba sendo uma supermulher, casa, trabalho, filha, viajar diariamente alguns quilômetros para o trabalho. E acompanhar a filha em suas necessidades, escola, esporte, levar nas amiguinhas, algumas distrações como cinema, shopping e cuidar das suas tarefas. Pela separação, o acordo entre eu e o pai dela, Guarda Compartilhada. Dessa forma moderna de mãe eu me sinto com muita responsabilidade, mas o amor que temos uma pela outra compensa tudo. Amo ser a mãe da Maria Alice”.
Maria da Glória Mafra Bertholde (Biba), 89 anos, foi feirante e comerciante em Balneário Camboriú, é mãe de cinco filhos (Izolete, Izaías, Izael, Izete e Izabel), avó de 14 netos (Rodrigo Bertholde, Cássio Sandri, Liandra Bertholde, Sara Soares, Juliana Bertholde, Talita Sandri, Tatiane Bertholde, Aristides Sandri, Lucas Soares, Thiago Bertholde, João Bertholde, Maria Izabel Bertholde, Isaine Bertholde e Leonardo Bertholde e bisavó de cinco bisnetos, Gabriela Bertholde, Maria Eduarda Oliveira, Miguel Arcanjo de Lima, Beatriz Bertholde e Pérola Cunha.
“Fui mãe aos 20 anos, tive cinco filhos com a parteira Emma Gardini, na localidade do Braço, em Camboriú, onde morava. Depois, mudamos para o Bairro das Nações, em Balneário, onde estamos até hoje. A vida foi de muito trabalho na roça, acordando cedo, depois fui feirante e até cabeleireira. Fui a primeira Ministra da Eucaristia na Igreja Matriz Santa Inês”.
Izete Bertholde, 61 anos, comerciante, mãe de Sara e Lucas Soares
“Fui mãe jovem, aos 18 anos, no antigo Hospital Santa Inês, de Balneário Camboriú. Minha vida também foi de trabalhar bastante, não era fácil ser grávida tão nova. Trabalhei em lanchonete, na feira com minha mãe, também fui catequista. Quando minha mãe fazia caridade, eu fazia, e meus filhos também viam e agora ajudam o próximo, como a Sara, e acredito que o filho dela, o Miguel, também vai dar continuidade”, afirma.
Sara Soares, 42 anos, servidora pública, mãe de Miguel.
“Fui trabalhar quando Miguel tinha quatro anos, então consegui vivenciar mais a infância do filho. Ser mãe é uma das coisas mais desafiadoras e, também, uma das mais lindas do mundo. Acredito que cada geração possui suas particularidades, embora hoje a velocidade de informações e a presença das tecnologias desempenham uma forte tendência na formação dos nossos filhos. Hoje o meu filho, Miguel Arcanjo, convive com as redes sociais e o videogame, coisas que não existiam quando eu era criança. Apesar disso, eu tento sempre estimular brincadeiras ao ar livre, como: pega-pega, esconde-esconde, futebol, vôlei etc. Essas brincadeiras fizeram parte da minha e da infância de muitos nascidos nos anos 1980.
Todas as mães se preocupam com seus filhos e querem o melhor para eles. Minha mãe sempre trabalhou e lutou para que eu tivesse, apesar das dificuldades, o melhor possível, e se sacrificou em várias coisas para conseguir proporcioná-las. Sacrifícios esses que hoje eu entendo, porque faço igualzinho ao Miguel. Talvez seja isso, ser mãe é conviver com um mundo e proporcionar também um mundo ao seu filho”.
Dilma Lúcia Pereira, 54 anos, administradora de empresas, mãe de Nathália Fernanda Pereira Smith Lopes, Natasha Cristina Pereira Smith Cardoso, André Ricardo Pereira Smith e Igor Vinicius Pereira da Silva. Avó da Lara Sophia, Maria Valenthina e da Lunna Cecília.
“Ser mãe de quatros filhos foi um privilégio, presente de Deus. Filhos são bênçãos. E agora que sou avó de três princesas, que são motivo de muita alegria e um prazer e uma amor imensurável e incondicional… é maravilhoso ser avó, um momento inexplicável. Na época em que fui mãe, não tive oportunidade de me dedicar mais aos filhos, porque tinha que lutar pela sobrevivência deles. Trabalhar, trabalhar e trabalhar. Então, eu acabei não tendo essa oportunidade, esse privilégio de sentar com meus filhos, de brincar. E hoje mudou, da minha geração para cá, mudou muita coisa, mas mudou em relação a isso também. Hoje as mães já têm mais essa consciência de que precisam sentar para brincar com seus filhos. E também mudou muito na questão da criação. Então, na minha época de mãe, quando meus filhos tinham 4 anos. Pequenos, eu tinha total domínio e controle, na disciplina, na educação deles… os filhos eram mais obedientes, temiam mais a mãe, tinham mais respeito, certo? E hoje, infelizmente, não se vê isso no mundo, na era atual”, acrescenta.
Nathália Fernanda Pereira Smith Lopes, 34 anos, cuidadora de idosos e crianças, mãe de Lara Sophia Smith Lopes, 10 anos, e Maria Valenthina Smith Lopes, de cinco anos.
“Minha primeira gestação foi inesperada. Aos 24 anos, estava voltando para a faculdade, já havia rematriculado, quando os colegas de trabalho me disseram que estava ‘com cara de quem está grávida, com gostos de mulher grávida e tudo’. E eu, logicamente, nunca tinha sentido nada disso. Disse ‘não, isso é besteira, estou normal e tal’. Eis que de tanto falarem, falarem, fiz o teste e testou positivo. Pode até ser uma gravidez planejada, mas bate o desespero, porque a gente se depara gerando um ser e que aquele ser vai ser dependente da gente para o resto da vida, entende? E a gente não tem preparo, não sabe como criar um filho, não vem manual de instruções, né? E aí a gente cai no desespero. Sem contar que em decorrência disso tudo muda ao nosso redor, né? Eu iria noivar no final do ano e aí tivemos que antecipar tudo, né? Tivemos que nos juntar, na verdade, porque a gente só casou depois. Mas de lá pra cá, a maternidade me ensinou muitas coisas. São vários desafios todos os dias, desde a criação a como saber lidar com as crianças. Ser mãe não é fácil. Tem um ditado que diz que ser mãe é padecer no paraíso. E, de fato, essa frase faz todo o sentido. Eu hoje me vejo uma mãe que sabe que dá tudo de si para as suas filhas. Eu me sacrifico de um tanto pra vê-las bem, para vê-las saudáveis, se divertindo, felizes… e mãe é isso, é se negar dia após dia em prol do filho, para melhorar a sua qualidade de vida (…). Enquanto nasce uma criança, em uma família, a nossa mãe, por já ter vivido isso, ela se preocupa muito com o nosso bem-estar, então enquanto todos olham para a criança, o bebê, a mãe olha para a filha que acabou de dar a luz a uma criança, porque ela sabe todas as necessidades e todos os sentimentos que a gente está vivendo. Eu só tenho gratidão a minha mãe, amo demais. Sou grata a todo o sacrifício que ela já fez e faz até hoje por mim, pelas minhas filhas. O amor que ela sente pelas netas é um amor incondicional, é um amor extraordinário. E só quem vai saber realmente de fato isso que eu tô falando é quem tem avó, né?”.