Meu nome é Alexandre Balestieri Balan, sou médico psiquiatra e trabalho na PMBC há 8 anos.
Estou entrando em contato após ler a postagem feita há 2 dias sobre a situação da Saúde de BC no final da atual gestão, pois acho importante destacar que no campo da Saúde Mental a situação está muito complicada.
Só para se ter uma noção, o ambulatório está sem psiquiatra. No CAPS II, onde eu trabalho, temos apenas 10 horas semanais de psiquiatra. O mínimo recomendado pelo ministério da saúde são 40 horas semanais.
A sala onde atendo carece de isolamento acústico, tudo que se fala lá dentro se escuta na sala ao lado e na recepção, e isto não é fato novo, inclusive já constou em avaliação do ministério público.
A sala de enfermagem não possui acesso para maca.
É um absurdo após o outro.
Existe um problema crônico de fixação de médicos psiquiatras na rede, pois as condições de trabalho são péssimas e os profissionais são desvalorizados.
Há, aproximadamente, 90 psiquiatras na região e dificilmente alguém quer trabalhar aqui.
Este é um problema crônico que somente se agravou nos últimos anos.
Hoje, não tenho vaga para consulta antes de 60 dias. O CAPS é o local onde se atende pacientes com transtornos mentais graves.
Muitos estão sem atendimento médico psiquiátrico desde junho, quando um dos psiquiatras pediu exoneração.
Nesta semana um psiquiatra por uma terceirizada iria começar esta semana, mas o contrato foi rompido na sexta-feira.
Hoje, 6 pacientes que teriam consulta estão sem atendimento e muitos sem atendimento médico desde junho.
Uma usuária entrou em crise ao ser avisada que não teria o atendimento hoje, inclusive com necessidade de atendimento com SAMU.
Pacientes estão sem atendimento e sem receitas de medicamentos controlados.
A equipe não tem orientação da gestão sobre para onde encaminhar ou o que fazer com esses casos.