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Entendam e vivam suas mensagens

21/03/2024 | Clic, Raul Tartarotti

Ontem à noite estive em Paris, não visitei muitos lugares porque meu passeio foi rápido. Estive na Rue de Sèvrez, no número 149, perto da entrada do Hospital Necker. Lá encontrei uma placa de mármore onde pude ler: “Neste Hospital, Laennec descobriu auscultação”.

Acima daquela inscrição está esculpido o perfil de um homem austero e apenas duas datas: 1781 – 1826, enquadrando um caduceu formado pela taça dos farmacêuticos e a cobra de Esculápio.

O livro “A Fabulosa História do Hospital” foi quem me fez desembarcar na Paris daquela época, que está um pouco diferente de hoje, sem aquelas carruagens desfilando pelas ruas, ornamentadas com peças douradas e cabines aveludadas.

Em outro livro, eu soube que a população da Grã-Bretanha se ofereceu para receber dez mil crianças judias menores de dezessete anos, cujo início se deu logo após 10 de novembro de 1938, data em que ocorreu a Noite dos Cristais em toda Alemanha e Áustria. 

O deslocamento perdurou por um ano e as crianças ficaram alojadas junto às casas de famílias de acolhimento, abrigos e quintas (propriedades rurais). Aquela violenta onda antisemita marcou a vida de muitas famílias, que perderam tudo o que tinham, inclusive Rudolf Adler, cujo filho Samuel Adler foi uma das crianças levadas pelo Kindertransport para a Inglaterra, como conta o livro “O Vento Sabe o meu nome” de Isabel Allende.

Belo gesto humanitário daquelas pessoas, que proporcionaram esperança às famílias em sofrimento, atos que demonstram que o mais importante não é nosso tempo em vida, mas o quanto o significamos (Sêneca, Epístolas).

Como Luzimar e Cintia fizeram com seus filhos de mães solteiras que vivem em Bangu no Rio de Janeiro, protegidas por uma rede de apoio, que são grupos de pessoas com quem as mães solo podem contar. 

Ato parecido com o provérbio africano que diz que “é preciso de uma comunidade para que se crie uma criança”. 

No livro “Aqui é aqui” o protagonista conta como adormece em uma cama, e acorda em outra, em outro quarto, de outra casa em outra rua. 

O autor Caio Zero, retrata a história de muitos brasileiros de mães solo que precisam de ajuda. A irmã mais velha e a mãe de Caio jamais contaram a ele como se dava a mudança de cama, porque elas queriam manter acesas a curiosidade e a imaginação do menino.

Os livros adoram a todos que os abrem e se entregam lentamente, até que entendam e vivam suas mensagens.

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